A arte de ouvir

Professores e jovens se culpam mutuamente?
Após a pergunta colocada, o debate teve início. Em experiências relatadas e uma discussão provocada sobre cada um dos casos citados, ficou evidente que o problema existe, sendo assim, a resposta para a pergunta é: SIM, professores e jovens se culpam mutuamente.
Ao final dessa primeira parte da conversa ficou claro e evidente que na relação professor/aluno, quando se trata de ensino/aprendizagem, ouvir, não é uma qualidade do grupo docente. Escutar o que o aluno tem a dizer ainda é um grande problema para a maioria dos professores. Poucos docentes se propõem a ouvir o que o jovem tem a dizer, reclamar, ponderar, criticar, analisar ou até mesmo apontar como falha do mestre. Não se trata de considerar o aluno como dono da verdade, mas sim somente escutá-lo, e entender o que lhe angustia tanto no dia a dia da educação. Assim como não quer dizer que o professor deva considerar cada item apontado pelo aluno, trata-se de uma forma de direcionar sua prática de ensino dentro das possibilidades e alternativas para conseguir o interesse.
Os jovens sentem a necessidade de falar e serem ouvidos, e isso não tem acontecido em sala de aula. Muitos professores relataram que esse é o grande problema que também enfrentam, escutar o aluno. A grande maioria acredita, dentro de sua didática, que o jovem deve acompanhar seu raciocínio e aprender o conteúdo que está sendo ensinado.
Durante a discussão dessa primeira parte o problema apontado foi justamente o ouvir, que não acontece durante as aulas.
O debate prosseguiu e fora colocado na discussão uma das atividades do quadro ''reflexão e ação'' intitulado ''a carta''. Na atividade citada os alunos deveriam escrever o que pensam a respeito dos professores em relação ao ensino/aprendizagem, assim como os professores deveriam escrever o que pensam dos alunos dentro do mesmo contexto. Na parte que diz respeito aos professores os apontamentos de problema foram: falta de atenção e interesse dos alunos. Por sua vez, na parte dos alunos os apontamentos citados na carta foram: falta de criatividade dos professores, aulas desinteressantes e propostas não atrativas.
Dentro das colocações o grupo concluiu que o jogo de acusações existe frequentemente. Aparentemente o ser humano tem uma necessidade de encontrar os culpados, o que no ambiente escolar não é diferente. Em relação aos dois pontos de vista os professores voltaram para a afirmação inicial, citada no início da discussão. Falta diálogo com os alunos.
Seria o diálogo a solução para tudo?
Conversar com os alunos, encontrando a solução para os problemas relacionados ao ensino/aprendizagem seria o segredo para o sucesso?
Por qual motivo alguns professores ainda resistem em ouvir o que os alunos têm a dizer?
Por qual razão alguns professores consideram de forma unânime que os alunos não tem nada a dizer?
Para tanto a ajuda deveria ser mútua. Assim como alguns alunos sentem a necessidade de serem ouvidos, alguns professores também devem ser ouvidos, desta forma o trabalho será melhor conduzido. Mas, como as coisas não são perfeitas, o que ocorre frequentemente é que quando uma aula é maravilhosa para determinado professor, o aluno pode não estar achando a mesma coisa. Nesse caso, que não é raro ocorrer, o que fazer? Como saber onde estão as dificuldades, e onde estão os problemas no ensino aprendizagem? ‘’Uma pesquisa de mercado’’, ou seja, voltamos para a questão discutida até agora, devemos ouvir os alunos.  Não se apegar com tanto afinco no planejamento e no plano de aula seria uma alternativa. Ouvir os alunos de forma heterogênea seria o caminho ideal para a resolução de alguns problemas, mas, e os demais entraves, como ficam?
A tendência comum é rotular os alunos como seres homogêneos, que pensam da mesma forma em todos os momentos. Que está no ambiente escolar para fazer exercícios e ouvir a verdade do professor, mas, esquecemos ao longo do tempo que estamos inseridos numa sociedade heterogênea, onde os pensamentos são diversos, as posturas são múltiplas e as opiniões são diferentes umas das outras. Enquanto tentamos reprimir o baderneiro, esquecemos que o restante da turma nos aguarda retomar o conteúdo e a explicação.
Se a solução é ouvir opinião para assim direcionar os trabalhos, o que dizer então do enxugamento dos currículos escolares, cuja proposta coloca nas entrelinhas o fim do debate e da reflexão em sala de aula? Com a diminuição da carga horária, o tempo será menor, o conteúdo preencherá todos os espaços do seu tempo de trabalho e consequentemente as discussões ficarão em segundo plano, quando ocorrerem.
Sem discussões e debates, a culpa recairá sobre os professores, que não estarão formando alunos críticos, que não estão gerando pensadores, muito menos cidadãos conscientizados dentro do contexto da sociedade injusta a qual estamos inseridos.
Não há como negar que muitos professores atuam de forma pobre, com aulas mal dadas, planejamentos mal feitos, cuja função na escola é culpar os alunos que não aprendem. Por outro lado, alunos que não se interessam por nada culpam os professores de não ensiná-los. Em certa ocasião um professor ao ministrar sua aula percebeu que um aluno conversava com outro colega. Ao perguntar ao aluno a razão da falta de interesse dele, recebeu como resposta: eu não sei nada disso aí. Então pergunte, respondeu o professor. Além do mais, isso aqui é só uma revisão de conteúdo, vocês já viram isso no ano passado, completou o docente. Levantando a voz, o aluno respondeu: eu não vi nada disso aí no ano passado, o professor era uma porcaria e não ensinava nada. O professor desse conteúdo no ano passado, na sua turma, era eu, respondeu pasmo, o professor.
O que falta é reflexão quanto aos conteúdos que estamos ensinando, e aprendendo. Acompanhar a realidade e mudar sua prática de ensino também ajuda em todos os aspectos, e esse progresso pode ser alcançado através do diálogo com os próprios alunos.
Diálogo este que está cada vez mais escasso. Diálogo este que inexiste na sociedade onde vivemos. Será?
Fora perguntado aos alunos se uma conversa pela internet tem mais valor que conversar pessoalmente. As respostas foram surpreendentes para alguns, surpresas para outros e comum para uma minoria.
Na maioria dos casos pesquisados os alunos preferem conversar pessoalmente com seu interlocutor, do que usando recursos digitais. Numa atividade realizada por professores fora pedido aos alunos que dessem sugestões de como dinamizar as aulas. Tais respostas transmitem como verdadeiras e sinceras a vontade de conversar e interagir pessoalmente do que pela internet. Esportes, aulas práticas e atividades extra-curriculares no colégio são alguns dos itens citados.
A interação, o contato físico e a troca de experiências é uma necessidade pedida pelos alunos como alternativa para os professores desenvolverem um trabalho diferenciado, mudando sua prática de ensino em alguns aspectos, ao mesmo tempo em que atrai o jovem para sua área de conhecimento. E de onde surgiu isso? Algum doutor figurão entendido em educação inventou essa fórmula num laboratório, lançou um livro e saiu pelo mundo dando palestras para ensinar aos demais professores como fazer? Não, simplesmente partiu dos maiores interessados para ambas as partes no processo ensino aprendizagem, os alunos. Enquanto eles querem aprender, os professores querem ensinar, mas então, por qual motivo isso não era feito de forma geral? Por que em raros momentos algum professor ''ousou'' ouvi-los, na intenção de saber qual era a necessidade do discente?
São respostas que só adquirimos no momento que lançamos a pergunta.Professores e jovens se culpam mutuamente?

Após a pergunta colocada, o debate teve início. Em experiências relatadas e uma discussão provocada sobre cada um dos casos citados, ficou evidente que o problema existe, sendo assim, a resposta para a pergunta é: SIM, professores e jovens se culpam mutuamente.
Ao final dessa primeira parte da conversa ficou claro e evidente que na relação professor/aluno, quando se trata de ensino/aprendizagem, ouvir, não é uma qualidade do grupo docente. Escutar o que o aluno tem a dizer ainda é um grande problema para a maioria dos professores. Poucos docentes se propõe a ouvir o que o jovem tem a dizer, reclamar, ponderar, criticar, analisar ou até mesmo apontar como falha do mestre. Não se trata de considerar o aluno como dono da verdade, mas sim somente escutá-lo, e entender o que lhe angustia tanto no dia a dia da educação. Assim como não quer dizer que o professor deva considerar cada item apontado pelo aluno, trata-se de uma forma de direcionar sua prática de ensino dentro das possibilidades e alternativas para conseguir o interesse.
Os jovens sentem a necessidade de falar e serem ouvidos, e isso não tem acontecido em sala de aula. Muitos professores relataram que esse é o grande problema que também enfrentam, escutar o aluno. A grande maioria acredita, dentro de sua didática, que o jovem deve acompanhar seu raciocínio e aprender o conteúdo que está sendo ensinado.
Durante a discussão dessa primeira parte o problema apontado foi justamente o ouvir, que não acontece durante as aulas.
O debate prosseguiu e fora colocado na discussão uma das atividades do quadro ''reflexão e ação'' intitulado ''a carta''. Na atividade citada os alunos deveriam escrever o que pensam a respeito dos professores em relação ao ensino/aprendizagem, assim como os professores deveriam escrever o que pensam dos alunos dentro do mesmo contexto. Na parte que diz respeito aos professores os apontamentos de problema foram: falta de atenção e interesse dos alunos. Por sua vez, na parte dos alunos os apontamentos citados na carta foram: falta de criatividade dos professores, aulas desinteressantes e propostas não atrativas.
Dentro das colocações o grupo concluiu que o jogo de acusações existe frequentemente. Aparentemente o ser humano tem uma necessidade de encontrar os culpados, o que no ambiente escolar não é diferente. Em relação aos dois pontos de vista os professores voltaram para a afirmação inicial, citada no início da discussão. Falta diálogo com os alunos.
Seria o diálogo a solução para tudo?
Conversar com os alunos, encontrando a solução para os problemas relacionados ao ensino/aprendizagem seria o segredo para o sucesso?
Por qual motivo alguns professores ainda resistem em ouvir o que os alunos têm a dizer?
Por qual razão alguns professores consideram de forma unânime que os alunos não tem nada a dizer?
Para tanto a ajuda deveria ser mútua. Assim como alguns alunos sentem a necessidade de serem ouvidos, alguns professores também devem ser ouvidos, desta forma o trabalho será melhor conduzido. Mas, como as coisas não são perfeitas, o que ocorre frequentemente é que quando uma aula é maravilhosa para determinado professor, o aluno pode não estar achando a mesma coisa. Nesse caso, que não é raro ocorrer, o que fazer? Como saber onde estão as dificuldades, e onde estão os problemas no ensino aprendizagem? ‘’Uma pesquisa de mercado’’, ou seja, voltamos para a questão discutida até agora, devemos ouvir os alunos.  Não se apegar com tanto afinco no planejamento e no plano de aula seria uma alternativa. Ouvir os alunos de forma heterogênea seria o caminho ideal para a resolução de alguns problemas, mas, e os demais entraves, como ficam?
A tendência comum é rotular os alunos como seres homogêneos, que pensam da mesma forma em todos os momentos. Que está no ambiente escolar para fazer exercícios e ouvir a verdade do professor, mas, esquecemos ao longo do tempo que estamos inseridos numa sociedade heterogênea, onde os pensamentos são diversos, as posturas são múltiplas e as opiniões são diferentes umas das outras. Enquanto tentamos reprimir o baderneiro, esquecemos que o restante da turma nos aguarda retomar o conteúdo e a explicação.
Se a solução é ouvir opinião para assim direcionar os trabalhos, o que dizer então do enxugamento dos currículos escolares, cuja proposta coloca nas entrelinhas o fim do debate e da reflexão em sala de aula? Com a diminuição da carga horária, o tempo será menor, o conteúdo preencherá todos os espaços do seu tempo de trabalho e consequentemente as discussões ficarão em segundo plano, quando ocorrerem.
Sem discussões e debates, a culpa recairá sobre os professores, que não estarão formando alunos críticos, que não estão gerando pensadores, muito menos cidadãos conscientizados dentro do contexto da sociedade injusta a qual estamos inseridos.
Não há como negar que muitos professores atuam de forma pobre, com aulas mal dadas, planejamentos mal feitos, cuja função na escola é culpar os alunos que não aprendem. Por outro lado, alunos que não se interessam por nada culpam os professores de não ensiná-los. Em certa ocasião um professor ao ministrar sua aula percebeu que um aluno conversava com outro colega. Ao perguntar ao aluno a razão da falta de interesse dele, recebeu como resposta: eu não sei nada disso aí. Então pergunte, respondeu o professor. Além do mais, isso aqui é só uma revisão de conteúdo, vocês já viram isso no ano passado, completou o docente. Levantando a voz, o aluno respondeu: eu não vi nada disso aí no ano passado, o professor era uma porcaria e não ensinava nada. O professor desse conteúdo no ano passado, na sua turma, era eu, respondeu pasmo, o professor.
O que falta é reflexão quanto aos conteúdos que estamos ensinando, e aprendendo. Acompanhar a realidade e mudar sua prática de ensino também ajuda em todos os aspectos, e esse progresso pode ser alcançado através do diálogo com os próprios alunos.
Diálogo este que está cada vez mais escasso. Diálogo este que inexiste na sociedade onde vivemos. Será?
Fora perguntado aos alunos se uma conversa pela internet tem mais valor que conversar pessoalmente. As respostas foram surpreendentes para alguns, surpresas para outros e comum para uma minoria.
Na maioria dos casos pesquisados os alunos preferem conversar pessoalmente com seu interlocutor, do que usando recursos digitais. Numa atividade realizada por professores fora pedido aos alunos que dessem sugestões de como dinamizar as aulas. Tais respostas transmitem como verdadeiras e sinceras a vontade de conversar e interagir pessoalmente do que pela internet. Esportes, aulas práticas e atividades extra-curriculares no colégio são alguns dos itens citados.
A interação, o contato físico e a troca de experiências é uma necessidade pedida pelos alunos como alternativa para os professores desenvolverem um trabalho diferenciado, mudando sua prática de ensino em alguns aspectos, ao mesmo tempo em que atrai o jovem para sua área de conhecimento. E de onde surgiu isso? Algum doutor figurão entendido em educação inventou essa fórmula num laboratório, lançou um livro e saiu pelo mundo dando palestras para ensinar aos demais professores como fazer? Não, simplesmente partiu dos maiores interessados para ambas as partes no processo ensino aprendizagem, os alunos. Enquanto eles querem aprender, os professores querem ensinar, mas então, por qual motivo isso não era feito de forma geral? Por que em raros momentos algum professor ''ousou'' ouvi-los, na intenção de saber qual era a necessidade do discente?
São respostas que só adquirimos no momento que lançamos a pergunta.

Artigo elaborado pelos cursistas do Colégio Estadual Professora Isabel Lopesa Santos Souza.