ÁREAS DO CONHECIMENTO E INTEGRAÇÃO CURRICULAR – temática 04
Colégio Estadual do Campo São Roque – Ensino Fundamental e Médio
Orientadora: Nadir Teresinha Gatelli
Cursistas:
Eliane Terezinha Bedin
Elton José Schaefer
Loreni Foletto Toigo
Maria Janete Bottega Corbari
Marines Maria Penso
Marinice Bencke Sotoriva
Rosangela Aparecida Borovicz de Oliveira
Silvana dos Santos Franzen
Sonia Regina Radaelli
A tarefa de por em prática um currículo integrado é árdua, já que os conteúdos de ensino não podem compor o currículo como teorias, conceitos e procedimentos abstratos, sem historicidade e sem sentido social. Ao contrário, os conteúdos são conhecimentos construídos historicamente que se constituem como condição necessária para que os educandos possam construir novos conhecimentos e compreender o processo histórico e social pelo qual os homens produziram e produzem sua existência.
Aí adentra o trabalho interdisciplinar, onde os professores irão desenvolver um trabalho em conjunto que facilitará a aquisição do conhecimento por parte dos educandos. Atualmente se fala muito em interdisciplinariedade e em demonstrar aos alunos, que tudo o que lhes é transmitido tem relação com o seu cotidiano, porém fazer esta relação, conteúdo verso realidade, não é uma tarefa muito fácil aos educadores, pois exige que o mesmo tenha um conhecimento muito amplo, envolvendo conteúdos curriculares de outras disciplinas (teoria) e relacionando com a sua prática pedagógica.
Para Frigotto (1995), o trabalho interdisciplinar se apresenta como uma necessidade imperativa pela simples razão de que a parte que isolamos ou arrancamos do contexto originário para ser explicada enquanto parte, acaba perdendo a sua essência e perdendo o seu sentido de totalidade.
Portanto é necessário que os educadores façam esta ponte que interliga as disciplinas e conteúdos, para facilitar ao aluno a apropriação do conhecimento, não de forma fragmentada, mas sim, de forma global e ampla, ou seja, a utilização da interdisciplinaridade como forma de desenvolver um trabalho de integração dos conteúdos de uma disciplina com outras áreas de conhecimento é uma proposta que contribui para o aprendizado do aluno.
A prática interdisciplinar busca inserir o aluno no universo da investigação, a partir de situações de interesse próprio, realizando coleta de dados e apresentando-os. Muitas mudanças ocorrem na sociedade e alguns procedimentos tornam-se necessários para que realmente a evolução aconteça.
É também importante a prática da interdisciplinaridade para o exercício da cidadania, estudos de psicologia apontam a possibilidade de poderem ser trabalhados os conteúdos de forma interdisciplinar, desde as crianças menores, já nos anos iniciais. A criança tem bastante curiosidade e que, por falta de valorização, ao longo dos anos vai desaparecendo. É preciso resgatar e valorizar essa curiosidade nos educandos e direcioná-la para práticas investigativas que vão favorecer o exercício da cidadania.
Pensar o currículo como orientador da prática, produto de ampla discussão entre os sujeitos da educação, e fundamentado cientificamente, pode possibilitar um trabalho pedagógico que aponte na direção da totalidade e estar ao mesmo tempo relacionado ao cotidiano do aluno. É muito importante que os conteúdos ensinados na escola tenham relação com o cotidiano do aluno para que estabeleçam relações entre teoria e prática.
Por meio desta construção de currículo para o Ensino Médio, busca-se relacionar os conceitos de contextualização sócio-histórico como princípio integrador, de forma que o conhecimento ganhe significado para o aluno e que o contexto seja apenas o início da abordagem pedagógica, e a partir daí se desenvolva o pensamento abstrato e a sistematização do conhecimento.
De acordo com Ramos [2004, p. 02], o processo de ensino-aprendizagem contextualizado é um importante meio de estimular a curiosidade e fortalecer a confiança do aluno. Por outro lado, sua importância está condicionada a possibilidade de ter consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão da realidade, reconhecê-los como equivocados ou limitados a determinados contextos, enfrentar o questionamento, colocá-los em cheque num processo de desconstrução de conceitos e reconstrução/apropriação de outros.
Tendo a compreensão de que a educação é em si, a totalidade do contexto no qual ela está inserida, a prática pedagógica deve estabelecer relações interdisciplinares visando a superação da compartimentalização, mas com a clareza de que a compreensão da totalidade é que produz a dimensão do trabalho das partes. Isso faz com que o ensino do conteúdo a ser trabalhado expresse a forma pela qual se estruturou historicamente este ou aquele conceito, além da compreensão objetivada do seu dinamismo, para não se transformar em a-histórico, ou seja, desvinculado de todo o processo de produção universal. Portanto, trabalhar os conteúdos de forma sistematizada e contextualizada requer uma mudança na postura político-pedagógica e no assumir, com real competência, o espaço da sala de aula.
As propostas curriculares e os conteúdos escolares estão intimamente organizados a partir do processo de luta política em que os sujeitos definem os seus conceitos, saberes sociais, valores e convicções advindas das classes sociais e das estruturas politico-culturais em confronto. A partir desse processo, ao serem fundamentadas por conceitos dialógicos nas diversas disciplinas juntamente com os saberes sociais da comunidade historicamente constituída atendendo igualmente os sujeitos seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico cultural e necessidades especiais para aprendizagem, dessa forma desenvolvendo a autonomia intelectual de nossos alunos poderemos ter uma sociedade com consciência histórica.
A interdisciplinaridade como princípio pedagógico, tem sido pronunciada como aquela capaz de realizar uma nova forma de educar, a de educar para a dúvida. Entretanto, sua concretização é marcada por muitas contradições, limites, dificuldades e desafios, pois educar interdisciplinarmente requer mudanças de posturas diante de novas possibilidades, requer superar visões fragmentadas do conhecimento muito mais radicais do que a das fronteiras entre disciplinas, requer disposição de, além de ensinar e aprender um conhecimento, produzir conhecimento.
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