Alunos conseguem na Justiça direito de entrar na faculdade mais cedo

A discussão em torno do direito ao ingresso no ensino superior aos alunos menores de 18 anos tem ocorrido há vários anos no país e tem sido alvo de controvérsias entre especialistas na area e pais que estão preocupados com as consequências que implicam a entrada mais cedo na faculdade na vida desses jovens. Essa "pressa" em entrar na faculdade acarreta além do estress e ansiedade a esses jovens, uma perda de um tempo único de vivencia e aprendizado com os colegas na escola, além dos gastos que os pais terão com advogados como pode ser visto na reportagem do site globo.com abaixo: 

"Cada vez mais alunos que não concluíram o ensino médio e passaram no vestibular têm conseguido na Justiça o direito de cursar a universidade. Mas educadores discordam. É muita pressa e o resultado é que o estudante acaba não fazendo o ensino médio direito.

A pressa é por causa da concorrência do Enem. Eles querem logo passar no vestibular do meio do ano, assim, correm menos risco, porque tem menos concorrência. Estudantes que vêm há anos caminhando para ter uma boa formação, pegam a toque de caixa um diploma do antigo supletivo, atropelam todo o processo de conclusão do ensino médio para entrar na universidade.
Eles ainda não concluíram o ensino médio. Mas, fizeram o vestibular no meio do ano, passaram e agora querem abrir mão do segundo semestre para tentar entrar logo na faculdade.
“A maior parte do que eu vou aprender agora não vai ser muito útil na carreira profissional”, diz um estudante.
Só em Brasília são centenas de estudantes nessa situação. Eles dizem que não querem esperar até a próxima seleção, no começo do ano que vem, porque ai terão que concorrer com um número bem maior de candidatos, já que a Universidade de Brasília e outras instituições do país vão usar a nota do Enem para selecionar os alunos.
“No Enem é bem mais difícil. Concorrência do Brasil inteiro e muita gente de fora vai querer entrar na UnB”, afirma Yero Vieira, estudante de 17 anos.
Esse processo de aceleração envolve outro estresse. Os alunos que passaram no vestibular antecipadamente e têm menos de 18 anos precisam de uma decisão judicial para poder fazer as provas do EJA, o antigo supletivo. Em uma escola, os últimos dias foram de romaria de alunos que conseguiram liminares para fazer os testes. Isso tem um custo. Os pais precisam contratar advogado e pagar pelas provas.
“Em torno de uns R$ 8 mil. É muito dinheiro. Mas eu acho que vale a pena”, destaca Winston Cury, pai de Yero.
Pular uma fase dos estudos tem várias consequências: o aluno deixa de aprender o conteúdo que estava previsto para este último semestre, abre mão da formatura e do diploma da escola que ele frequentava, e, para alguns especialistas em educação, ao apressar a entrada na universidade, muitos estudantes chegam ao curso superior ainda imaturos.
O professor Afonso Galvão, estudioso de psicologia da educação, diz que a ansiedade para entrar logo no ensino superior é uma distorção. E que o problema começa nas escolas, que hoje se dedicam, exclusivamente, a preparar o aluno para passar no vestibular.
“O ensino médio deve servir para prepará-lo muito mais para a vida. Isso é uma angústia dos pais, uma angustia do nosso tempo, o tempo da pressa, o tempo de se fazer imediatamente as coisas, o tempo da correria, mas o tempo do mal feito também”, ressalta Afonso Galvão, professor da Universidade Católica de Brasília.
A Defensoria Pública do Distrito Federal informou que em apenas dois dias entrou com 137 ações na Justiça para defender estudantes das escolas públicas aprovados no vestibular da UnB."

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